quarta-feira, 18 de março de 2009

A primeira impressão é a mais forte...

Não necessariamente a que fica...

“Às vezes eu quero fechar os olhos para toda a sujeira em minha volta. Quero fechar os olhos para a burocracia, a incompreensão, a corrupção, a burrice, a incompetência, a falta de amor, o excesso de amor, a pobreza e a ganância. Tenho vontade de fechar os olhos permanentemente para a política, para as mentiras, para o abuso de poder, para a subestimação. Não quero ter que olhar para o lado e ver que meu colega que faz a mesma coisa que eu, ganha mais ou menos. Não quero olhar para baixo e ver o mendigo com uma ferida aberta. Não quero ver os olhos daquele que sofre. Não quero olhar para cima e, mesmo com os olhos bem abertos, não conseguir enxergar o céu. Não quero olhar para frente só para te ver partindo. Não quero ver as rugas no espelho nem os ponteiros da balança.

Seria muito fácil simplesmente fechar os olhos para tudo isso, mas ainda não me ensinaram como deixar de sentir. ”

Aí, agora que já passou um tempinho e leio novamente eu penso... quem foi que disse que não fechei os olhos? Nasci em Belo Horizonte com um clima perfeito, agora minha cidade está debaixo d’água. Eu moro em São Paulo – a terra da garoa – e mesmo com uma garoa um pouco mais forte, a cidade ficou debaixo d’água. E aí você me diz: “Qual a novidade? São Paulo vive debaixo d’água!” e eu digo: - Isso!

A cegueira branca já chegou. É normal a cidade encher d’água, acho mais que normal eu precisar colocar grades na minha janela, fazer seguro contra roubo, pagar um carinha para que ele vigie meu carro dele mesmo, ficar 2 dias na fila para conseguir um médico, morrer de fome num país onde a comida estraga em galpões, engarrafamentos de horas, propinas, corrupção, violência.
Li em algum lugar que o livro tratava da “animalização” do homem. Eu incluiria mais um verbete no dicionário – desanimalização. Queria eu que vivêssemos com animais, lutando para sobreviver, matando pela comida, o poder como forma de organização.

Saramago é um cara que me faz pensar, analisar, mudar de opinião e acho que esse será um livro com vários posts.

terça-feira, 17 de março de 2009

ensaio sobre a cegueira, por katy

Em primeiro lugar, quero deixar aqui a minha admiração pelo trabalho de Fernando Meirelles que, de forma brilhante, adaptou o romance de José Saramago para o cinema. Nunca tinha visto uma adaptação tão fiel ao romance.
Gosto muito das obras do Saramago e com essa não podia ser diferente. É uma leitura forte que me fez refletir sobre os seres humanos, os verdadeiros seres humanos, não esses “forjados pela civilização”.
Muitas coisas me impressionaram nessas linhas. Primeiro foi a capacidade de adaptação. Eu sei que ela existe desde sempre, mas quando a gente vê/lê, percebe tudo de outra forma. Não são homens da caverna que estão evoluindo, se adaptando, mas são pessoas como nós, que encontram um jeito, “a vida sempre encontra um jeito”, mesmo que esse jeito seja [in]voluir.
O segundo ponto que quero comentar é essa característica do ser humano de mandar e de ser mandado. Não importa em qual condição a humanidade se encontre, podemos estar todos cegos, mas sempre existirão aqueles que de algum modo tomarão o poder, pela força ou pela palavra.
Outra questão é a da igualdade. Tirando esses que sempre encontram um jeito de mandar – que são a minoria – ficam os outros, os iguais, aqueles que seguram nos ombros dos que estão a sua frente e tateiam o chão para não tropeçarem. Mesmo com toda a minha imaginação, não consigo visualizar uma situação como a existente no livro: ser tão igual ao outro, a ponto de entendê-lo, sem cobrar explicações, sem precisar de uma única palavra, nem mesmo de um olhar, já que eles estavam cegos. Somente estar ali, sentir o meu próximo, confiar na mão que me é estendida e seguir em frente.
Foi só um ensaio, mas um dia poderemos mesmo nos encontrar cegos, se é que já não estamos... E se a cegueira branca vier, estaremos prontos para segurar o ombro do outro, engatinhar como crianças, procurando desviar dos obstáculos, ou ficaremos a espera da morte, por medo de [in]voluir?....

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ensaio Sobre a Cegueira – José Saramago


Março – 2009


Por falta total de outras sugestões, por ser uma excelente história, por estarmos ainda em ritmo de Oscar e porque o Saramago é o Saramago, o livro do mês será Ensaio sobre a Cegueira.
Para quem não conhece...

José de Sousa Saramago (Azinhaga,16 de Novembro de 1922) é um escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português, ateu e comunista , foi galardoado em 1998 com o Nobel de Literatura e o Premio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.

Saramago é conhecido por utilizar frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros: este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Apesar disso o seu estilo não torna a leitura mais difícil, os seus leitores habituam-se facilmente ao seu ritmo próprio.


A história se passa numa cidade qualquer onde um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.


O Ensaio Sobre a Cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".


(informações retiradas de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago e da capa do livro)

Algumas regrinhas para uma melhor organização do blog...

- Todo início de mês será colocado uma enquete com as sugestões de livros para o mês seguinte.

- Essas sugestões serão coletadas entre os membros e leitores do blog através de indicações, característica do livro, escolha pessoal, humor do dia, direção do vento, a flexibilidade do rabo do jacaré ou qualquer outra coisa que o valha

- No mês corrente o "livro do mês" será lido e discutido numa data que melhor convier aos membros.

- Os posts sobre o livro poderão ser publicados à qualquer momento, mesmo sendo sobre escolhas de meses anteriores. Para facilitar a leitura de todos os navegantes, peço que prestem atenção aos marcadores. Me mantenho o direito de editar os marcadores sempre que necessário.

- Todo e qualquer comentário, de membros, leitores ou visitantes ocasionais serão bem-vindos, porém, me reservo ao direito de “censurar” um ou outro que se mostrem abusivos, imorais ou qualquer outra coisa do gênero.

- De tempos em tempos faremos uma “auditoria” na utilização do blog e aqueles membros que não estiverem participando ou não respeitem as regras de “boa convivência” serão desativados. Obviamente não existe nenhum tipo de obrigatoriedade em ler o livro, mas se quer participar do Clube, é bom dar sinal de vida de vez em quando.

- Sempre que alguém estiver interessado em participar, favor entrar em contato por email ou por um post em Comentários. Sendo aceito, é bom que se apresente em um post para que todos os membros e leitores possam conhecê-lo.

- Para evitar a “poluição” de e-mails, faremos todas as comunicações aqui mesmo no blog.

- Aqui, somos todos leitores, então... qualquer sugestão, crítica construtiva e etc, é só escrever. Somos todos olhos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Um carneirinho, dois carneirinhos... snnnnnn

Eu, que sempre me vangloriei por ler muito, tenho que admitir que não consigo terminar de ler o Dostie.

Por favor, não me entendam mal! Eu estou adorando o livro, o “caboquim” que filosofa igual o Jó (nosso colega de Clube que nunca se manifesta)”, a linha de raciocínio, o sarcasmo... Acontece que eu durmo. Consigo ler duas páginas prestando atenção, pensando junto, discutindo com o “caboquim” e suas idéias, rindo de suas colocações. Outras 2 páginas são levadas à muito custo. A concentração para não dormir é tanta que não consigo prestar atenção ao que leio. Uma outra página ainda é empurrada à força, mesmo sabendo que na noite seguinte lerei novamente essas 3 páginas com aproveitamento total de apenas 2.

Tenho alguns pontos que devem ser levados em conta.
1) Sou loirinha.
2) Convenhamos que o Dostie não é um autor qualquer. Acredito que o esforço de acompanhar tão grandiosa mente desgasta o já esmoído par de neurônios que me acompanham.
3) Para aliviar o peso de tanto trabalho mental, intercalei o Dostie com outros 4 livros já findos
4) Sou brasileira e não desisto quase nunca.

Ainda pretendo escrever algo discutindo o enredo e as opiniões do Jó do Subsolo, mas acredito que essa primeira impressão não deixa de ser válida: Eu adoro o Dostie, mas ele me dá sono, o que me faz adorá-lo mais ainda pois tenho sofrido de insônia!