bom, pra começo de conversa, gostaria de dizer que, como já havia me alertado um amigo, dostoievski é uma espécie russa de machado de assis. e como eu sou apaixonada pela maneira machadiana de escrever, acredito que dostoiéviski chegou pra ficar!!!
memórias do subsolo foi o segundo de três livros que li, até hoje, desse autor e foi o que mais gostei, seja pela maneira de escrever, me obrigando a ler em um único fôlego, ou pelo assunto abordado, o ser humano, que nos é apresentado de uma forma tão ... humana.
já tem algum tempo que li essas memórias e, quando vi o resultado da votação aqui no blog, comecei a pensar nesse homem doente que nos fala sobre outros homens também doentes. pra quem ainda não leu, a história começa assim: “sou um homem doente... um homem mau. um homem desagradável. creio que sofro do fígado.” eu acrescentaria: um homem sem o seu lugar no mundo, porque o mundo, o nosso mundo, não é para homens doentes.
dentre todas as coisas que me chamaram atenção nesse livro, eu escolhi pra falar aqui, a questão do homem e de suas vontades e do homem e suas fórmulas. nós vivemos em um mundo de fórmulas e muitas vezes esquecemos o que é ter “vontade independente, custe o que custar essa independência e leve aonde levar. bem, o diabo sabe o que é essa vontade... (p.39).
nós somos obrigados a viver em um mundo sensato, calculado. nossos desejos são movidos pelas vantagens que podem nos trazer. como seria abrir mão dessas vantagens, desejar pura e simplesmente por desejar, até mesmo o que pode ser desvantajoso, e parar de sonhar, de acreditar nesse mundo milimetricamente calculado e entender o homem, se entender enquanto esse homem doente, mau, desagradável?
acredito que nosso personagem atingiu esse estado de consciência e isso lhe custou muito caro. logo ele, que não gostava de trabalhar, que largou tudo e passou a viver de uma herança miserável!!! o preço que ele pagou foi não pertencer a lugar nenhum, ou talvez somente a um subsolo, onde podia gemer suas dores sem ser inoportuno/importunado.
fico me perguntando se ele escolheu ter essa consciência ou se ele não teve escolha. será que nós podemos escolher, decidir, desejar?!! e se pudéssemos, escolheríamos a consciência ou a ignorância? admitiríamos ser doentes, maus, desagradáveis?
ter a consciência de quem é o ser humano e, conseqüentemente a consciência de si mesmo, tornou nosso personagem amargo, triste, ou, usando suas próprias palavras, doente. quantas vezes já encontramos pessoas doentes pelo nosso caminho, pessoas que, assim como ele, não eram percebidas por “olhares saudáveis”?
memórias do subsolo foi o segundo de três livros que li, até hoje, desse autor e foi o que mais gostei, seja pela maneira de escrever, me obrigando a ler em um único fôlego, ou pelo assunto abordado, o ser humano, que nos é apresentado de uma forma tão ... humana.
já tem algum tempo que li essas memórias e, quando vi o resultado da votação aqui no blog, comecei a pensar nesse homem doente que nos fala sobre outros homens também doentes. pra quem ainda não leu, a história começa assim: “sou um homem doente... um homem mau. um homem desagradável. creio que sofro do fígado.” eu acrescentaria: um homem sem o seu lugar no mundo, porque o mundo, o nosso mundo, não é para homens doentes.
dentre todas as coisas que me chamaram atenção nesse livro, eu escolhi pra falar aqui, a questão do homem e de suas vontades e do homem e suas fórmulas. nós vivemos em um mundo de fórmulas e muitas vezes esquecemos o que é ter “vontade independente, custe o que custar essa independência e leve aonde levar. bem, o diabo sabe o que é essa vontade... (p.39).
nós somos obrigados a viver em um mundo sensato, calculado. nossos desejos são movidos pelas vantagens que podem nos trazer. como seria abrir mão dessas vantagens, desejar pura e simplesmente por desejar, até mesmo o que pode ser desvantajoso, e parar de sonhar, de acreditar nesse mundo milimetricamente calculado e entender o homem, se entender enquanto esse homem doente, mau, desagradável?
acredito que nosso personagem atingiu esse estado de consciência e isso lhe custou muito caro. logo ele, que não gostava de trabalhar, que largou tudo e passou a viver de uma herança miserável!!! o preço que ele pagou foi não pertencer a lugar nenhum, ou talvez somente a um subsolo, onde podia gemer suas dores sem ser inoportuno/importunado.
fico me perguntando se ele escolheu ter essa consciência ou se ele não teve escolha. será que nós podemos escolher, decidir, desejar?!! e se pudéssemos, escolheríamos a consciência ou a ignorância? admitiríamos ser doentes, maus, desagradáveis?
ter a consciência de quem é o ser humano e, conseqüentemente a consciência de si mesmo, tornou nosso personagem amargo, triste, ou, usando suas próprias palavras, doente. quantas vezes já encontramos pessoas doentes pelo nosso caminho, pessoas que, assim como ele, não eram percebidas por “olhares saudáveis”?
não sei se estou pronta pra esse mundo sem fórmulas, mundo de desejos, dos meus desejos... não sei se estou pronta pra ter consciência de mim mesma, de minha doença, de minha maldade. mas sei, com toda certeza, que não estou pronta pra viver num mundo onde não existe desejo, vontade, onde tudo ocorre de forma planejada, calculada. não, esse mundo eu não quero. prefiro dividir o subsolo e gemer minhas dores.
p.s.: olha só o lindo selo que o clube ganhou da xeret@ muito obrigada!!!!!